segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Amélie Nothomb - A Cosmética do Inimigo

 
Este livro nasce de um diálogo forçado numa sala de embarque de um aeroporto. Um homem abeira-se de um desconhecido que lê em paz e insiste em contar-lhe a história da sua vida. Depois de se debater inutilmente, Jérôme Angust conclui finalmente que não lhe resta outra hipótese senão ouvir o que aquele louco tem para lhe dizer. Não é ainda aqui que desconfiamos que a própria autora do livro será tão louca como Textor Texel mas não faltarão muitas páginas até isso acontecer.
É num estilo muito direto que Amélie Nothomb desenvolve a história impensável de um tresloucado. Um relato descorado onde raramente conseguia vislumbrar a Amélie Nothomb de Temor e Tremor. Senti-me orfã e desamparada em frases curtas, de ironia previsível, nas quais se antevia um pouco de génio - entenda-se feitio - mas longe da hilaridade do livro que retratou brilhantemente a sua experiência profissional no Japão.
E a verdade é que chegada à segunda metade de um livro tão pequeno eu já não esperava grande coisa. Engano e problema eu. Fui apanhada completamente desprevenida, vi-me chegar àquele estado descontrolado em que esbugalhamos os olhos, voltamos a página atrás e não somos capazes de acreditar no que estamos a ler. Isto uma vez. Meia dúzia de páginas à frente, volta a acontecer. Perdi de tal forma o chão que acho que ainda não estou recomposta.
Não esperem uma obra literária imperdível mas convençam-se que é uma história de doidos que nos endoidece irremediavelmente. A um preço absurdo de 2,5€ eu diria que vale bem a pena arriscar uma entrada pela porta grande no Júlio de Matos.

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